Driblar a inadimplência é um dos principais desafios de escolas particulares, que dependem do pagamento das mensalidades para realizar investimentos, oferecer ensino de qualidade e dar continuidade ao negócio. Com a pandemia, esse desafio triplicou.
Antes da Covid-19 o país já passava por uma crise econômica, com alto índices de desemprego. Com o início da pandemia e a consequente diminuição de renda do brasileiro, a situação agravou e muitas famílias estão enfrentando problemas financeiros e não conseguem pagar as contas em dia, inclusive as mensalidades de escolas, o que tem aumentado muito a inadimplência escolar em redes particulares.
Segundo estimativa do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP) em maio a taxa de inadimplência em escolas particulares foi de 31,34% contra 8,41% no mesmo período de 2019. Ainda segundo o Sindicado a pandemia pode impactar cerca de 30% das instituições privadas do Estado e a inadimplência é apontada como um dos principais problemas.
Outra situação ruim enfrentada na rede privada no atual período é a migração de alunos para a rede pública, principalmente na educação infantil, por conta da dificuldade das escolas em oferecerem o ensino remoto a crianças de 4 a 6 anos.
Mas nem todo inadimplente está devendo somente por conta da pandemia e uma das razões das dificuldades financeiras enfrentadas hoje pelas escolas é a falta de gestão correta e de estratégias para incentivarem pagamentos em dia, por exemplo. Geralmente há muita preocupação com a área pedagógica da instituição mas pouco planejamento.
Com pandemia ou não, é essencial acompanhar com relatórios o histórico de pagamentos das mensalidades assim como o índice da inadimplência escolar. Se este índice estiver muito alto é preciso tomar decisões rápidas para não agravar a situação.
Defina regras de pagamento da mensalidade
As regras de pagamento das mensalidades devem estar muito claras no contrato assinado com os pais. Crie uma cláusula específica para isso. Mesmo assim reforce as regras no ato da matrícula e informe sobre datas de pagamento e punições em caso de inadimplência escolar, como os juros, multas ou até cobranças judiciais.
A inadimplência é um assunto que pode prejudicar o relacionamento da escola com os pais e responsáveis pelo aluno. Por isso, antes de tomar qualquer medida mais drástica, entenda o que provocou a falta de pagamento da mensalidade.
O boleto bancário é uma grande facilidade de pagamento e pode, inclusive, ser enviado por email e ajudar a evitar a inadimplência escolar. Mas pode ocorrer de o pai não receber o boleto no email e, por algum motivo, não entrar em contato com a escola para solicitar a segunda via. Ou então, a taxa não foi cadastrada no débito automático do banco e ele esqueceu de pagar na data correta.
Para evitar este esquecimento dos pais, pode-se criar uma programação de lembretes de pagamento via email e SMS.
Faça uma programação de envios, informando que faltam sete dias para o pagamento, por exemplo. Há dois dias do vencimento, envie um SMS pedindo confirmação do recebimento do boleto. No dia do pagamento, envie outro email com informações sobre o vencimento do boleto.
Se mesmo assim o pagamento não ocorrer, inicie o processo de cobrança ativa e ligue para os pais. Não espere a inadimplência da escola aumentar.
Diante do atual cenário, o Procon-SP determinou que escolas da rede privada do Estado ofereçam descontos nas mensalidades com percentual que varia de acordo com a situação econômico-financeira da instituição, até quando durar a pandemia. Embora livre este percentual de desconto, sua concessão é considerada diretriz obrigatória.
Pela determinação, as escolas também tiveram de suspender as cobranças de qualquer valor além da mensalidade, como alimentação, atividades extracurriculares, passeios e transporte feito pelo próprio colégio.
Mas com exceção deste período, a escola não é obrigada a oferecer descontos ou parcelar as dívidas das mensalidades, até mesmo para garantir a saúde financeira da instituição. Especialistas em cobrança não aconselham esta prática para não incentivar ainda mais a inadimplência escolar. Neste momento de pandemia, pode-se usar a prática, desde que o parcelamento tenha multa, juros e correção monetária.
Para esta negociação, mantenha um canal de comunicação da escola destinado apenas para tratar de questões financeiras com pais de alunos.
Para evitar os desgastes que sempre envolvem cobranças financeiras, o ideal é optar sempre pela negociação com os pais de alunos. Faça o processo interno da cobrança por até 30 dias após o vencimento.
Se passou este período e mesmo assim o pagamento não foi efetuado, avalie a contratação de serviços terceirizados, com profissionais que possuem experiência em efetuar teste tipo de cobrança.
O diálogo e a negociação é sempre o melhor caminho. Mas se nem a cobrança terceirizada conseguir sucesso no recebimento do valor devido, avalie a contratação de um advogado para realizar a cobrança na esfera judicial.
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